Ontem, fui vaguear até ao pico sul do Atlas, perto de Ait Ourir. Não levei sequer o telemóvel. Como estava cheio de fome e ainda era cedo, tinha guardado no bolso da gandura um saquinho com chamuças de doce de abóbora e sementes de sésamo que tinha comprado no dia anterior, na medina de Marrakesh. O termómetro marcava 25 graus centígrados às dez horas da manhã, um bocado antes da oração do Dhur.
Não tinha GPS, não tinha mapas, não tinha merda nenhuma. Só sabia que o deserto ficava na direcção para onde apontava o meu braço.
Minutos antes, um montanhês tinha-me avisado que iria precisar de água pelo menos até Telouet, onde havia lojas e bazares, mas eu não liguei, armado em forte. Fodi-me. Estava a 1800m e já tinha bebido tudo. Bela merda de 'Verdadeira Voltinha de Turista do Dia'. Antes tivesse trazido a Eddy Merckx, caralho.
Mário Alex (esqueceste-te do acento, ó meu burro), ganha primeiro calo no cu e depois vem cá contar as tuas aventuras, foda-se.
E olha que de gastronomia, de gentes, de experiências e de lugares sei eu, caralho!
No outro dia inventei uma variação da Caldeirada à Algarvia que é de chorar.